Três homens entraram hoje na Igreja de São Vicente, propriedade da Câmara Municipal de Évora (CME), e vandalizaram a quase totalidade dos trabalhos da exposição Amor e Ódio, organizada pela Comissão Évora Pride, Sociedade Harmonia Eborense, Núcleo Feminista de Évora e Associação Évora Queer, em parceria com o município Évora (CDU).
Patente até 30 de junho, a mostra, que reunia trabalhos de pintura, fotografia, escultura e gravura, foi construída através de um desafio lançado a alguns artistas visuais para “olharem para a dualidade que é comportar amor quando se recebe ódio em troca”. Em poucos dias, o ódio fez-se expressar.
«Ficou praticamente tudo destruído. Sobreviveram poucas peças. Foi uma tentativa declarada de nos assustar e causar medo através do ódio» referiu Rolando Galhardas, da Comissão Organizadora da Évora Pride, em declarações recolhidas pela Agência Lusa.
«Fizeram ainda refém o funcionário da câmara que se encontrava no local. Foi agredido verbalmente, coagido e ameaçado».
Alexandre Varela, vice-presidente da autarquia de Évora, condenou a brutalidade do ataque: um ato absolutamente condenável relacionado com intolerância, neste caso, aparentemente, de natureza sexual, que é, obviamente, abominável. Num Estado de Direito, não podemos tolerar situações destas», afirmou.
O autarca informou a Lusa de que o caso já foi «entregue às autoridades policiais e judiciárias», destacando a possibilidade de a Polícia Judiciária vir a assumir a investigação, «tendo em conta a natureza dos ilícitos criminais». O crime de discriminação e incitamento ao ódio contra pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência física está tipificado no Artigo 240.º do Código Penal.
Todas as atividades planeadas para o 1.º Évora Pride vão realizar-se sem alterações, incluindo a primeira marcha de orgulho LGBTI+ em Évora, no dia 16 de junho, às 18h, na Praça do Giraldo. “A luta contra a homofobia, transfobia, bifobia, interfobia e todas as formas de discurso de ódio é urgente, válida e começa agora”, referem as organizações envolvidas.
Lusa