Este prémio, que antecedeu os espetáculos finais do Festival Imaterial, no Teatro Garcia de Resende, reconhece “o notável percurso” de Paulo Lima. Tendo dedicado parte da década de 1990 à investigação centrada nos poetas improvisadores e decimadores do Mediterrâneo e da Ibero-América, a partir de 2000 a energia e o entusiasmo de Paulo Lima foram colocados ao serviço das equipas que conquistaram as inscrições do fado, do cante alentejano, do fabrico de chocalhos e da morna nas listas do Património Cultural Imaterial da UNESCO. Tendo assumido o lugar de coordenador destas três últimas candidaturas, quis também pensar estas expressões em ligação com a coesão social, as alterações ambientais, a emergência climática e o empoderamento da mulher, reflectindo sobre o papel das tradições numa ampla dimensão sócio-cultural.
Director da Casa do Cante entre 2012 e 2016, e investigador da Reforma Agrária em Portugal, Paulo Lima trabalha actualmente sobre o dossier de candidatura das bandas filarmónicas portuguesas à lista da UNESCO. Convicto de que o património está por todo o lado - é só saber escutá-lo, interpretá-lo, amplificar a sua vitalidade e a sua dignidade.
Depois do músico Kepa Junkera e da etnomusicóloga e produtora Lucy Durán, o Prémio Imaterial, uma escultura da autoria do artista Pedro Fazenda, foi entregue pelo Vice-Presidente da Câmara Municipal de Évora, Alexandre Varela, e pelo Presidente da Fundação INATEL, Francisco Madelino que, carinhosamente, apelidou Paulo Lima de “Ronaldo” do imaterial.
O Prémio Imaterial procura valorizar o trabalho tantas vezes invisível, embora crucial, para que as culturas locais se mantenham vivas e não sejam engolidas pela ditadura dos vários mainstreams que pairam sobre o mundo.