Foi a 25 de novembro de 1986 que a UNESCO reconheceu o Centro Histórico de Évora como Património Mundial. A data foi hoje assinalada com uma sessão comemorativa no Palácio D. Manuel, onde, por um lado, se revisitou o processo que levou à classificação e, por outro, se abordou a transição da cidade para o futuro. A iniciativa serviu também para a apresentação do novo número do Boletim A Cidade de Évora.

A primeira parte da sessão ficou marcada por três intervenções. Abílio Fernandes, Presidente da Câmara Municipal de Évora aquando da classificação, falou sobre os antecedentes, motivações e o contexto do processo. O antigo autarca aproveitou a oportunidade para deixar críticas à desatenção do Governo Português no que se refere à conservação do Património Cultural.

Ana Paula Amendoeira, Diretora Regional de Cultura do Alentejo, abordou a classificação e gestão do Património Cultural, referindo-se, em particular, à necessidade de preservação da memória, e lembrou que foi a patrimonialização que permitiu que a cidade tenha sido reivindicada pelos seus habitantes.

Coube a Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara Municipal de Évora, discursar sobre os desafios de gestão na atualidade e as perspetivas de futuro para o Centro Histórico. Garantir a adaptação à modernidade e necessidades da população e preservar, simultaneamente, a identidade do centro da cidade, é o grande desafio que se coloca para o futuro, garantiu o autarca. A população deve estar no centro das políticas de intervenção, identificando-se as áreas da habitação, dinâmica associativa, animação sociocultural e de lazer, mobilidade e integração dos imigrantes como reptos para o futuro e o desenvolvimento da cidade.

A mesa redonda ‘A cidade na transição para o futuro: o património cultural nas dinâmicas territoriais’ encerrou a sessão comemorativa, com o debate a contar com as presenças de Hermínia Vilar, Reitora da Universidade de Évora, Nuno Ribeiro Lopes, coordenador do Plano de Pormenor de Salvaguarda do Centro Histórico de Évora, e Marcial Rodrigues, Presidente do Grupo Pró-Évora. A moderação esteve a cargo de Luís Matias, da Rádio Diana FM. Todos os oradores concordaram na importância da preservação de um Centro Histórico que se mantenha vivo e dinâmico, numa fase em que a perda de população residente e a massificação do turismo se apresentam como perigos evidentes face a esse desígnio.

No decurso da cerimónia foi ainda realizado o lançamento do Boletim Cidade de Évora, Nº 4, III Série, apresentado por Miguel Pedro, chefe da Divisão de Cultura da Câmara Municipal. A publicação, que comemora 80 anos, contém uma grande variedade de artigos técnicos e científicos nas áreas da História e do Património. No total, até ao momento, já foram publicados mais de 80 números de um boletim cujo primeiro diretor foi o historiador Túlio Espanca.

O programa comemorativo do 37.º aniversário da classificação de Évora como Património Mundial termina esta noite, às 21h30, no Teatro Garcia de Resende, com um concerto de Pedro Calado que serve para apresentação do seu novo disco que celebra 25 anos de canções do artista eborense.